Monday, April 14, 2008

Independência, coração e RTP

Fernanda Câncio foi convidada, através de uma produtora, para produzir uma série de documentários para a RTP2. Diz a jornalista do DN que tem currículo na área social e que a sua vida privada só a ela diz respeito. Falta saber se a jornalista mantém a sua independência. Se assim fora, nada a opor. Ora, o que se depreende dos artigos de opinião da jornalista no DN é que não é isso que acontece. Pelo menos, não me lembro de um único artigo - e li bastantes - onde a jornalista tenha criticado o Governo. Ninguém censura Fernanda Câncio por não o fazer, nem que mantenha uma relação de intimidade com o chefe do Governo, o que não pode é vir reclamar uma independência que não tem. E para se trabalhar para a estação pública de televisão, ser independente do poder político é condição indispensável. Não é o seu caso. Poderia Fernanda Câncio manter a sua independência política, separando, num exercício difícil, coração e profissão. Há alguns casos no mundo, raros, em que tal aconteceu. Pelo que lemos do que escreveu, não foi isso que aconteceu com a jornalista do DN. Não tem razão, por isso, Fernanda Câncio e a RTP. Contudo, tal não significa que a queixa da direcção do PSD seja pertinente, não é seguramente a contratação de Fernanda Cãncio pela RTP que preocupa os portugueses. E não faz sentido o maior partido da oposição convocar uma conferência de imprensa para falar de uma questão que, não sendo irrelevante, tem de ser considerada menor face aos graves problemas do País.

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