Wednesday, April 16, 2008

Do palanque para o palácio

A ida de Jorge Coelho para a presidência da Mota Engil só vem confirmar a promiscuidade entre o poder económico e o poder político, depois de Pina Moura, Armando Vara, Dias Loureiro e Ferreira do Amaral. Num momento em que o primeiro-ministro anuncia um megapacote de obras públicas no País (repetindo o erro dos anos 80 e 90), Coelha salta do palanque de um comício nacional do PS para a presidência da maior empresa portuguesa de obras públicas. Dizem os cínicos que os homens têm de ganhar a vida. Pois têm, mas será que só há empregos nas áreas que tutelaram ou em empresas que dependem quase exclusivamente do Estado? Ou será por ser nessas áreas que a sua agenda de contactos é mais valiosa? Se for o caso, e eu acredito que sim (basta ver as declarações do responsável da Prisa ao justificar a escolha de Pina Moura para a TVI), é caso para ficarmos deveras preocupados. Cada vez é mais óbvio que para se enriquecer em Portugal é preciso ter não mérito ou talento, mas relações privilegiadas com o Estado e o poder político que o controla. Na América, as pessoas enriquecem primeiro e depois dedicam-se à política. Em Portugal, a política serve, antes de mais, para as pessoas melhorarem o seu nível de vida. É natural que o Bloco Central não mostre qualquer vontade em mudar a lei das incompatibildades. Como eu os compreendo...

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