Friday, April 25, 2008

A democracia americana

Hillary Clinton arrisca-se a perder as primárias democratas nos Estados Unidos por não terem sido contabilizados os votos da Florida (210 delegados) e Michigan (156 delegados), onde a sua vantagem era esmagadora. Aparentemente, estes estados foram sancionados por as "distritais" terem realizado as primárias antes da data indicada pela direcção nacional do Partido Democrata. Venceu a burocracia, perdeu a emocracia.

Thursday, April 17, 2008

Entendimento na Educação: uma Vitória de Pirro

Não gostei do acordo da Plataforma Sindical de Professores e o Ministério da Educação. Os sindicatos abdicaram do essencial e contentaram-se com o acessório. Nenhum dos problemas que motivou a manifestação de 100 mil professores foi resolvido. Uma vitória de Pirro, como lhe chamou Santana Castilho. E não fica bem à Fenprof afirmar que a esmagadora maioria dos professores concorda com este acordo. Estou mesmo em crer que se houvesse um referendo à classe, realizado de forma independente, o "entendimento" seria chumbado. No mínimo, a Plataforma deveria admitir que o "entendimento" não é consensual, é isso que se ouve nas salas de professores deste país.

Judite de Sousa vs Fernanda Câncio

A entrevista de Judice de Sousa a António Borges, no dia 17 de Abril, na RTP mostra a diferença de estatuto que a separa de Fernanda Câncio. Judite convidou um político que é adversário declarado da direcção do PSD a que pertence o marido e nem por um segundo abandonou a neutralidade política durante a entrevista. A independência política não se consegue puxando pelos galões profissionais ou pelo currículo. A independência e a credibilidade profissional conquistam-se com o exemplo e as provas diárias! E Judice de Sousa é um bom exemplo.

Wednesday, April 16, 2008

Do palanque para o palácio

A ida de Jorge Coelho para a presidência da Mota Engil só vem confirmar a promiscuidade entre o poder económico e o poder político, depois de Pina Moura, Armando Vara, Dias Loureiro e Ferreira do Amaral. Num momento em que o primeiro-ministro anuncia um megapacote de obras públicas no País (repetindo o erro dos anos 80 e 90), Coelha salta do palanque de um comício nacional do PS para a presidência da maior empresa portuguesa de obras públicas. Dizem os cínicos que os homens têm de ganhar a vida. Pois têm, mas será que só há empregos nas áreas que tutelaram ou em empresas que dependem quase exclusivamente do Estado? Ou será por ser nessas áreas que a sua agenda de contactos é mais valiosa? Se for o caso, e eu acredito que sim (basta ver as declarações do responsável da Prisa ao justificar a escolha de Pina Moura para a TVI), é caso para ficarmos deveras preocupados. Cada vez é mais óbvio que para se enriquecer em Portugal é preciso ter não mérito ou talento, mas relações privilegiadas com o Estado e o poder político que o controla. Na América, as pessoas enriquecem primeiro e depois dedicam-se à política. Em Portugal, a política serve, antes de mais, para as pessoas melhorarem o seu nível de vida. É natural que o Bloco Central não mostre qualquer vontade em mudar a lei das incompatibildades. Como eu os compreendo...

Monday, April 14, 2008

Independência, coração e RTP

Fernanda Câncio foi convidada, através de uma produtora, para produzir uma série de documentários para a RTP2. Diz a jornalista do DN que tem currículo na área social e que a sua vida privada só a ela diz respeito. Falta saber se a jornalista mantém a sua independência. Se assim fora, nada a opor. Ora, o que se depreende dos artigos de opinião da jornalista no DN é que não é isso que acontece. Pelo menos, não me lembro de um único artigo - e li bastantes - onde a jornalista tenha criticado o Governo. Ninguém censura Fernanda Câncio por não o fazer, nem que mantenha uma relação de intimidade com o chefe do Governo, o que não pode é vir reclamar uma independência que não tem. E para se trabalhar para a estação pública de televisão, ser independente do poder político é condição indispensável. Não é o seu caso. Poderia Fernanda Câncio manter a sua independência política, separando, num exercício difícil, coração e profissão. Há alguns casos no mundo, raros, em que tal aconteceu. Pelo que lemos do que escreveu, não foi isso que aconteceu com a jornalista do DN. Não tem razão, por isso, Fernanda Câncio e a RTP. Contudo, tal não significa que a queixa da direcção do PSD seja pertinente, não é seguramente a contratação de Fernanda Cãncio pela RTP que preocupa os portugueses. E não faz sentido o maior partido da oposição convocar uma conferência de imprensa para falar de uma questão que, não sendo irrelevante, tem de ser considerada menor face aos graves problemas do País.