Saturday, January 19, 2008

Menezes e a pluralidade de comentadores

Luís Filipe Menezes pediu maior pluralidade nos painéis de comentadores, não só da televisão pública como das privadas. É verdade que a liderança do PSD tem estado muitos furos abaixo das expectativas, mas desta vez Menezes tem razão. Ao contrário do que alguns parecem defender, não há vacas sagradas em democracia e a comunicação social não é uma ilha imune a críticas. Se os jornalistas e comentadores podem criticar os agentes políticos, estes também têm toda a legitimidade para criticar os primeiros. Em primeiro lugar, deve haver um critério quando se convida comentadores e estes critérios devem ser públicos, sobretudo, no caso da RTP. O crotério é o da representatividade partidária? É o da notoriedade pública? Das audiências? Da truculência verbal? Qual, então? O que leva a RTP a convidar um destacado militante do PS, alinhado com a actual política do Governo, e a convidar outro destacado militante do PSD que, ao contrário do primeiro, é um crítico do seu próprio partido? Ora, não sejamos ingénuos. Dando uma no cravo e outra na ferradura, Marcelo Rebelo de Sousa tem sido uma óptima muleta do actual Governo. E ter dois comentadores defensores do Governo, um mais assumido, outro menos, não é um sinal de pluralidade em País nenhum. Sem falar no direito que os outros partidos, embora menos representativos, têm a expressar as suas opiniões sobre o País. E, em termos de comentadores, têm sido silenciados, o que não dignifica a estação pública de televisão.
Por outro lado, mesmo as televisões privadas têm o dever de assegurar a pluralidade de opiniões perante os seus espectadores e não há pluralidade de opiniões com um único comentador! Por mais picante que possa ser Miguel Sousa Tavares, ele apenas se representa a si próprio. E, por coincidência ou não, tem sido mais um arauto das políticas deste governo. Mesmo que, tal como Marcelo, dê uma no cravo e outra na ferradura. Não chega para assegurar a plutalidade do comentário político, Menezes tem razão.

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